A
causa e a pena
A
pena está pesada, o tempo está pesado
A
resposta tarda.
Eu
do lado de cá com cem grãos de consciência e o vazio me incomoda.
Não
é o humor, não é o temperamento, apenas não é.
E
o tempo pesa.
Consome
cada grão num anuncio desesperado.
E a
resposta tarda.
Intruso,
o devaneio se põe a silenciar o peso que se mascara.
Mas
o tempo não permite, e a resposta é falha.
Sob
que comando a pena volta a deslizar?
Uma
afronta a este peso seria o declínio?
Seria,
pelo menos?
Os
grãos se espalham e marcam os passos pesados em minha direção.
Surdez
e cegueira já não são má opção.
Por
que voltou a deslizar?
Agora
não é só o vazio que incomoda, como se seu oposto pudesse gerar o mesmo
desconforto.
“_
Se apegue aos clichês!”, grita o grão da esquerda.
Mas
a pena pesa, e a resposta tarda.
E na
esperança do vazio, que já não incomoda mais, tento ocultar o declínio.
E me
apego com força de que não só eu e os grãos saberemos.
Mas
o tempo pesa, e a certeza é falha.
Não
é medo da causa, mas de admiti-la.
Como
se evitar as consequências apontasse a contramão do declínio.
Agora
será assim.
Ao
acordar a pena, cada passo pesado será marcado com um grão.
Mas
o devaneio insiste em interromper.
Como
se eu não soubesse de sua armadilha preparada a cada curva marcada.
Seu
acordo com o tempo permitia a ilusão.
Sob
a pena ainda julgo registrar passos escuros.
Não
é o acordo do devaneio, mas meu com o tempo, se ele aceitar.
Pelo
menos pareço não fingir.
“_
Deixe aos intérpretes, eles dirão!”, retruca o grão da direita.
Mas
a pena pesa e a certeza é falha.
E
não é que o sarcasmo se tornou a fuga.
O
tempo todo, mesmo sob o peso que marcara os grãos, foi a resposta que antes
tardara.
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