domingo, 29 de setembro de 2013

Não lembro se já havia passado os três textos. Não importa, envio de novo, para os alunos de Política, os textos de Hobbes, Locke e Rousseau.

Abraços

Thiago












HOBBES


LOCKE


ROUSSEAU

Mais Pitágoras, menos Prozac

Eu estava para escrever esse texto há um bom tempo, e depois de alguns colegas professores (no Direito), me enquadrarem sob a mesma classe "profissional" de outros formados em Filosofia, e alguns alunos repetirem a pergunta insistentemente devido uma situação específica, resolvi escrever.





Sim, o título é praticamente um plágio, mas no mundo da propaganda, a ideia de causar um certo impacto pra chamar atenção praticamente eliminou a noção de plágio quando se trata de convencer o leitor a ler algo, não que o título aqui em questão tenha convencido, mas se está lendo até aqui, acredito que ficou curioso. No mais, não pretendo reinventar o livro cujo título faz menção indireta, até mesmo porque detesto livro de auto ajuda (não é estranho a frase autoajuda veicular em livros escritos por terceiros para me ajudar?). Enfim, o título é uma chamada um tanto quanto retórica para discutir algo que muitos alunos vivem me perguntando, e algo que tive a oportunidade de discutir com dois colegas de graduação cujas posições não destoam em muito daquilo que aqui se dirá.
Em um semestre que venho trabalhando incessantemente Kant (Manual dos Cursos de Lógica Geral, CRP e FMC), veio a calhar a resposta para a pergunta que alguns sempre exigiam de mim e eu nunca a dava de maneira satisfatória, a saber, porque não me considero Filósofo? Antes de dar a resposta de Kant, que tomo como minha criminosamente (hehe), vamos "começar do começo".
Há muito que é sabido o quanto o ser humano adora ser reconhecido. Aliás, essa é uma característica pertinente a inúmeros animais, e dentre os primatas (mais especificamente os hominoidea), os humanos são os que mais manifestam essa necessidade (pra não dizer carência). O mito de Narciso demonstra bem isso: o auto admirador que se apaixonou pelo próprio reflexo e foi condenado a definhar na ilusão de estar admirando a mais bela das criaturas. Esse mito, quando não representa um estado perpétuo para determinados indivíduos, descreve metaforicamente e muito bem uma constante com a qual nos vemos volta e meia, qual seja, a necessidade e olhar para nós mesmos e reconhecer em nós uma grandeza louvável. 
E isso faz mal, seu idiota escritor?! Depende! E aí entra o título do texto e minha proposta de resposta. Quando Pitágoras (segundo a tradição), recusou o título de detentor de um saber perfeito, atribuído apenas aos deuses, e se intitulou APENAS filósofo, ele estava a ressaltar o caráter nascente da Filosofia, um apreço constante pelo conhecimento, pelo saber, não a assunção de um conhecimento acabado, fechado, ou o a arrogância de um um saber último. Filósofo, seguindo ainda outro grande pensador grego, dizia respeito à capacidade de admitir a própria ignorância na esperança de alcançar ainda mais conhecimento. A atividade socrática prezava, constantemente, pela ausência dessa pujança característica de muitos sofistas, que se afirmavam (e se afirmam) detentores de um saber cuja defesa não se sustentava (e não se sustenta) à primeira investida de um pensamento mais coerente e bem fundamentado. Enfim, esse título se perdeu, e Pitágoras ficou nos manuais de Filosofia, enquanto o título de Filósofo serve hoje à academia, e aos acadêmicos mais afoitos, como um prozac, cuja função é manter os níveis de serotonina do cérebro em picos altíssimos, pois "felicidade" é coisa séria. E em um mundo onde todos carecem de atenção, onde todos são um pouquinho (ou um "muitinho") de Narciso, nada melhor que o reconhecimento de seus pares. Mas ai entra o queridíssimo (e chatíssimo) Kant. Na L, em AK 23ss, Kant nos fornece dois tipos de definições possíveis para a Filosofia, elas são: Filosofia na Escola e Filosofia no Mundo. A primeira, trata somente da habilidade em se tratar certo arcabouço histórico de conceitos, nesse sentido, é meramente uma doutrina da habilidade. E convenhamos, o que tem de habilidoso por aí, remoendo conceitos consagrados e ganhando apreço midiático graças ao trabalho que a própria História da Filosofia se encarregou de consagrar, não é pouco. Esse técnico da razão (ou filodoxo, como chamaria Sócrates), não faz uso livre da razão se restringir sua produção a apenas reproduzir o acervo já disposto pela Filosofia. 
Já a Filosofia no Mundo implica em não meramente fazer uso mimético da razão, mas produzir o fim último desta, a saber, sua autonomia e liberdade. Se esse fim último não for produzido, o que pode ser feito em acordo com a noção de Filosofia na Escola, o suposto pensador não passará de um filodoxo (meu caso na maior parte do tempo). 
E eis minha resposta roubada do Kant (e que justifica meu medo da pecha de filósofo): "Ninguém que não seja capaz de filosofar pode intitular-se filósofo, mas só se aprende a filosofar pelo exercício e pelo uso que fazemos por NÓS mesmos da razão" (Kant, AK 25). O que Kanta está dizendo, entre outras coisas, é que não se ensina a filosofar. O que se ensina nas academias é o arcabouço conceitual histórico. O máximo que se faa pe oferecer os meios para o indivíduo, em posse de sua razão autônoma, pense por si só. Por isso não sou filósofo, somente por ter aprendido uns "dois trocados" de argumentos de alguns autores, e por isso não é filósofo quem cursa filosofia, mas isso NÃO quer dizer que não o POSSA ser, e isso não quer dizer que, às vezes, eu mesmo não filosofe. Ainda mais, isso não quer dizer que só é filósofo quem "está" na academia. Se resgatarmos o seu sentido originário, apresentado por Pitágoras, defendido por Sócrates contra os sofistas, então sou Filósofo, admito minha ignorância em inúmeras questões, e admito minha vontade de conhecer muito mais do que a miséria que hoje assumo como conhecimento. Se ser Filósofo é admitir um título encarcerado pelas carências do mundo acadêmico e a necessidade de reconhecimento de seus pares, então não sou Filósofo, detentor de certo arcabouço conceitual que em nada contribuí (e continuo sem contribuir) para ser construído. Se for para receber o título como se toma um prozac, e aumentar meus níveis de serotonina, enfim, nesse sentido, prefiro rejeitar a pecha, continuar com meu pessimismo chato, que está muito mais para um respeito histórico aos que tanto fizeram intelectualmente para receber o título. O título descrito por Pitágoras se perdeu dentro da academia, foi consumido pela necessidade de afirmação dos inúmeros profissionais da área, mas ainda está aí fora, pelas "ruas" do pensamento, através do indivíduo que se põe a indagar o mundo sem se fechar no curral dos "letrados", e o título ao estilo prozac ganhou espaço (e ganha cada vez mais, pois está na moda ser filósofo). 
Em que esse texto poderia ajudar o leitor deste blog? Em nada! Mas a mim, ajuda em muito, a responder os que por acidente me chamam de Filósofo, ou por conveniência (segundo minha reduzida opinião) se intitulam Filósofos. E se Kant estava certo, são raros os momentos em que me vejo fazendo uso autônomo da razão, na maior parte do tempo me pego tentando interpretar este ou aquele conceito já consagrado. Repito, isso não quer dizer que não tenha meus lampejos, mas daí já assumir que esses lampejos me permitem receber o mesmo título que grandes pensadores receberam, acho no mínimo inconveniente (no caso de persistirem os sintomas de raiva ao ler esse texto, consulte o filósofo mais perto de sua casa). No resumo da obra, mais do que dois, temos três modos de se intitular Filósofo: 1) no sentido pitagórico, de uma constante busca e apreço pela sabedoria e conhecimento; 2) no sentido prozac (acadêmico reprodutivo), que pretende inflar os egos e tornar iguais aos grandes da História aqueles que meramente cursaram uma graduação e apenas reproduzem o pensamento (à maneira parasitária); 3) no sentido Histórico, no qual podemos incluir os grandes pensadores da História da Filosofia e suas respectivas contribuições, inclusive para a construção do mundo acadêmico. Para ser nesse último, do qual estou longe milhas de distância, é preciso ser no primeiro. Ser filósofo no primeiro sentido, não implica em ser no último. Mas para ser no segundo sentido, basta um lápis, um papel, e um bando de "bobos" para acenar a cabeça. Enfim, resta-me confiar no Kant, evitar o sentido prozac, manter minha "fé" no sentido pitagórico, e esperar, por graça da história e de uma razão iluminada (se um dia a tiver), que o terceiro sentido um dia bata à minha porta. Se não, só de ter evitado os tamborileiros da segunda turma (pra citar o Hume), já estarei satisfeito.

P.s: gostei dessa frase "se persistirem os sintomas de raiva ao ler esse texto, consulte o filósofo mais perto de sua casa".






terça-feira, 24 de setembro de 2013

Sobre a consciência

Historicamente, pode até ser que outro filósofo possa ser citado como aquele que por primeiro abordou a noção de consciência. Não me interessa. Mas cabe notar que a abordagem do problema feita por Descartes ,além de peculiar, foi inovadora. Mas será a resposta de Descartes a única? Que definição podemos dar para aquilo que costumeiramente chamamos de consciência? Existe de fato uma relação direta entre nossa consciência e nosso cérebro de modo que só a podemos entender a partir de uma leitura naturalística? Ou ela é o resultado de um agente externo? Ainda mais, será nossa consciência o resultado de uma relação direta entre a informação oferecida pela experiência e o modo como nosso cérebro tende a processar essa informação? Enfim, ainda é uma discussão espinhosa, e um caminho interessante a se percorrer dentro da Filosofia. Nos vídeos abaixo, o Filósofo Daniel Dennett tenta trazer alguma luz ao problema. Vejam e tirem suas próprias conclusões.



















terça-feira, 17 de setembro de 2013

Para Léia...

Uma homenagem à minha amiga de toda hora, Léia (skywalker). Um amor de cachorro (cachorra, no caso, heheh). 

Créditos para a imagem no final.












segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Leviatã.

Para os alunos de Filosofia Política, segue o Leviatã, de Hobbes.

Mas a mais nobre e útil de todas as invenções foi a da LINGUAGEM, que consiste em nomes ou designações e nas suas conexões, pelas quais os homens registram os seus pensamentos, os recordam, depois de passarem, e também os manifestam uns aos outros para a utilidade e convivência recíprocas, sem o que não haveria entre os homens nem república, nem sociedade, nem contrato, nem paz, tal como não existem entre os leões, os ursos e os lobos.












LEVIATÃ

domingo, 15 de setembro de 2013

Um post que gera vergonha, em quem lê, e em quem faz.



Será que somos assim?

Será que somos assim mesmo?

É uma pergunta intrigante, pra não dizer com uma resposta automática e já esperada: "Sim! Somos assim!"
Em um mundo onde a inversão de valores foi determinada pela quantidade de horas de trabalho as quais nos impomos a fim de reproduzir o máximo possível para o consumo pessoal e de outro, nossa vida diária pode ser entendida como uma vida consumida pelo emprego, pela prestação de serviço, e pela destruição de uma possível liberdade para o lazer. Enfim, será que a natureza nos fez assim? Será que não haveria outra saída?
Ou todos são escravos e dependentes de todos? Ou todos ainda são dominados pela relação senhor x escravo? 

Vejam o vídeo, e não se assustem com a metáfora, pois está mais próxima da realidade do que possamos imaginar.

Abraços

Thiago



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Sai desse troço, menino!!!

Estudos demonstram que o uso do Facebook reduz o nível de bem-estar e satisfação com a vida

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Mais de 500 milhões de pessoas utilizam o Facebook diariamente. E, até o momento, pouco se sabe sobre a influência do seu uso na qualidade de vida e bem-estar do indivíduo.
Um estudo publicado pela Public Library of Science e conduzido por pesquisadores das Universidades de Michigan e Belgium, trouxe à luz as consequências do uso do Facebook, mostrando que quanto mais alguém usa o Facebook, menos satisfeito é com a vida.
Nesta pesquisa 82 usuários do Facebook, com idade próxima aos 20 anos, tiveram suas atividades monitoradas no decorrer de duas semanas. Diariamente, cinco questionários eram enviados por mensagens de texto aos voluntários, de modo a identificar, momento a momento, o quão satisfeitos eles estavam com suas vidas e o nível de bem-estar. Ainda, no questionário foram observadas as interações diretas com outras pessoas, através do telefone ou pessoalmente.
O estudo concluiu que quanto mais um indivíduo usa o Facebook, menor o seu nível de bem-estar e satisfação com a vida no intervalo de dois questionários. Por outro lado, interações diretas com outras pessoas apresentaram características positivas e levam as pessoas a se sentirem melhores ao longo do tempo.
Ainda, foi constatado que o sexo, o tamanho da rede social, motivação pessoal para o uso do Facebook, nível de solidão, depressão ou autoestima não tiveram influência no resultado. Porém, foi identificado que as pessoas tendem a usar o Facebook quando estão se sentindo solitárias.
Outro estudo, conduzido pela Universidade de Humboldt e a Universidade Técnica de Damstadt, aponta uma das causas dos efeitos negativos do uso da rede social. Segundo este estudo, realizado com 584 usuários, com a faixa etária próxima aos 20 anos, o sentimento mais comum ao se usar o Facebook é a inveja.
Contudo, nenhuma das pesquisas indicam se os efeitos negativos são válidos para outras faixas etárias.
Editor: Lenon Mendes

Fontes:


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Expandindo os limites da mente.

Fascinante. O vídeo abaixo mostra o brasileiro Miguel Nicolelis que é um dos neurocientistas mais conceituados do mundo. Aqui nesse Talk ele vai explodir sua cabeça mostrando um experimento feito nos EUA com um macaco capaz de controlar robôs com a força da mente. O vídeo é fantástico, bem como o projeto.

Imagine sua mente podendo controlar, independente de movimentos dos membros, um objeto mecânico. Pessoas que voltariam a andar com próteses que estariam ligadas diretamente ao desejo do cérebro. Imagine os limites do seu corpo sendo expandidos para muito mais que as condições físicas do seu próprio corpo. Imagine que a realidade virtual poderia ser acessada literalmente pelo seu cérebro.

Pra utilizar o trocadilho com a expressão veiculada no vídeo (Brainstorm), que maravilho "toró de parpite" temos aqui...

Abraços

Thiago





terça-feira, 3 de setembro de 2013

Envio os slides, se o Face não entrar aqui e comer meu Blog também, acabar com meu Lattes, destruir minha carreira, sequestrar minha filha, quebrar minha coleção do Pink Floyd, matar minha cachorra,







SLIDES

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Apostila de Lógica Simbólica

Disponibilizo, primeiramente, para os alunos de Lógica Simbólica, uma apostila que elaborei baseada no último curso oferecido.
Os que dela fizerem uso, peço que respeitem os direitos autorais (infelizmente é necessário dizer isso).


abraços

Thiago






Não fez mais que a obrigação!



Para um escritor, qualquer tema, frase, problema, etc., pode virar objeto de um texto, seja crítico, poético, crônico, enfim. Não que esteja me arvorando um escritor nesse exato momento. Se tem uma coisa que tento fugir constantemente são os títulos que nessa nossa sociedade de culto à mediocridade dão certo status aos seus detentores. Já o de professor (diga-se de passagem não dá status nenhum), esse adoro, e faço questão. Mas esse não é o ponto deste texto, embora faça parte. O ponto é justificar que até mesmo a frase apontada no título pode ser objeto de uma breve análise de qualquer escritor.
É interessante notar como algumas pessoas supervalorizam atitudes que não seriam mais do que a obrigação de seus autores. A expressão popular é bem clara, se algo é de se esperar de uma determinada pessoa, seja por seu cargo público, seja por sua postura religiosa, seja por seus valores morais defendidos, seja por uma escolha deliberada, esse algo não é mais do que a obrigação daquela pessoa. 
Se pretendermos ovacionar todas as atitudes de pessoas públicas que não fazem mais do que sua obrigação, não poderemos reclamar se a pecha de bajuladores convenientes recair sobre nós. Fazer o que se espera que seja feito não é digno de louvor, no máximo reconhecimento. O extraordinário não se explica pelo comum, pelo esperado, pelo que lhe compete, o extraordinário é justamente aquilo que foge do comum, do ordinário, do cotidiano, do esperado.
Mas na sociedade da mediocridade, numa sociedade onde as aparências contam, supervalorizar outros  quase sempre lhe trará benefícios. A sociedade da bajulação por conveniência nos compele a isso. "__Nossa! Viu que atitude linda do nosso líder?! É um homem fabuloso!"
"__ Gente! O que ela fez foi maravilhoso, doar todo aquele dinheiro, não é pra qualquer um!"
"__Como esse professor é dedicado! Sempre explica a matéria, sempre atende os alunos!"

Enfim, frases soltas como estas, mas que podem dar uma ligeira noção do problema, são constantemente enunciadas no intuito de louvar atitudes que devem ser esperadas de seus respectivos autores. Não estou dizendo que essas atitudes não devem ser reconhecidas, estou criticando os bajuladores ineptos que nada mais fazem do que sugar da postura alheia um resquício de dignidade que não lhes convém.
Quer bajular, quer se vangloriar às custas de atitudes de outrem, quer enaltecer o esperado, quer posar de companheiro da moral alheia? Sinta-se à vontade, mas saiba que nem a todos esses bajuladores convencem.

P.s: como 99% dos meus textos, a carapuça serve pra mim também


Thiago