quarta-feira, 2 de abril de 2014

Antes fosse mentira...

Antes fosse uma brincadeira de mal gosto no 1 de Abril, mas não é... Isso ocorreu, assim como 64, e ficará em nossa memória registrado o dia em que um professor da Faculdade de Direito da USP fez uso da sala de aula não para relembrar a História do país e promover o debate com os seus alunos sobre uma página triste da História de nosso país (sim, triste, se não considera assim, certamente você está do lado do professor mencionado), mas para defender aquilo que ele (e muitos enganados - ou mal intencionados) chamou de "Revolução de 64". Muita coisa tem sido falada sobre o golpe militar. Informação não falta, e acesso a elas temos. Não vou focar esse ponto. O que me entristece não é o vídeo em si, e nem o fato de que a internet torna acessível a idiotice das pessoas (inclusive as minhas), mas a confusão conceitual que se está gerando no país entre termos básicos (deveriam ser, mas depois do golpe militar de 1964, o ensino de Filosofia e Sociologia foi substituído pelas disciplinas Educação Moral e Cívica (primeiro grau), Organização Social e Política Brasileira (segundo grau) e Estudos dos Problemas Brasileiros (ensino superior). Essas disciplinas tinham uma ênfase mais vinculada ao regime no poder, e eliminaram quase que na raiz o acesso democrático a discussões filosóficas e sociológicas sobre tais conceitos) tais como "estado de direito"; "democracia"; "capitalismo"; "comunismo"; "socialismo"; "poderes públicos"; etc. O que mais me entristece é que somos um povo analfabeto politicamente, mas com orgulho e arrogância suficiente para arrotar ideologias infundadas. O pior nem é ver alguém defender a ditadura pelos motivos que a explicam (tortura, poder autoritário e antidemocrático, a politização das instituições militares, etc), mas defender a ditadura por oportunismo político, cegueira ideológica, panfletagem, sem nem ao menos entender o que de fato ocorreu e quais a consequências do ocorrido. O pior é saber que o vídeo representa, erroneamente, a postura de inúmeros brasileiros, e não os saudosistas, mas jovens órfãos de uma educação política adequada, consequência desse período sombrio que jamais devemos esquecer, para justamente jamais repetir. Meu luto nesse primeiro de Abril, pelos mortos na ditadura, os que ela já matou, e os que ela ainda hoje mata...



P.s: salvaguardada as proporções, não devemos nos orgulhar desse período do mesmo modo que os Alemães não devem se orgulhar holocausto.



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