"Se uma ideia move um, ela pode mover muitos"
Thiago Oliveira
Em um post anterior, tentei esboçar um pouco do que considero ser a necessidade de defendermos uma ideia, e de como não vivemos sem uma(s). Neste post, não quero me alongar fazendo apologia a ideias ou ideologias pessoais, mas retomar um pouco do que disse antes e fazer uma referência direta com o filme cujo trailer coloco abaixo, "A Onda", e dois pensadores, Freud e Hannah Arendt. Começando por essa última, é interessante notar uma de suas frases naquela que pode ser considerada sua maior obra As Origens do totalitarismo: (P.355) "Nada caracteriza melhor os movimentos totalitários que a surpreendente facilidade com que são substituídos". Não será de se espantar se ainda nos depararmos com um regime semelhante ao que a autora se refere no livro. Neste, Hannah Arendt apresenta um quadro completo da organização totalitária, a sua implantação, a propaganda, o modo como manipula as massas e se apropria do Estado com vista à dominação total. O discurso inflamado dos defensores dessa ideologia eugênica, combinado com uma maciça propaganda, culminou no poder totalitário muito bem descrito por Arendt. Por outro lado, Freud nos diz claramente, ao estudar a psicologia das massas, que há uma influência do grupo sobre as pessoas e também há uma identificação para se descobrir dentro de um grupo. Os aspectos racionais dão lugar às emoções. Todas essas características podem ser percebidas ao longo do filme "A onda". Um discurso inflamado, um poder autoritário e disciplinador, a eliminação do "eu" para dar lugar ao grupo, e o poder esmagador de uma ideia, podem em conjunto criar as condições perfeitas para o surgimento de ideologias totalitárias.
No filme, vemos todas essa condições realizadas, e com um roteiro bem encaixado, podemos perceber quão perigosa pode ser uma ideia uma vez que ela é lançada, alimentada e comprada por seus pares. Mas meu objetivo central com esse post é demonstrar certas similaridades entre o filme, a análise de Arendt e de Freud, e um vídeo em nosso queridíssimo presidente da CDHM, o senhor deputado Marco Feliciano, demonstra algumas das características abordadas pelo filme, e pelos autores em questão. Vejam como um discurso autoritário, capaz de inflar os egos e criar um ar de pertencimento a uma ideologia, associado à propostas nitidamente eugênicas (no sentido pós-nazismo), podem favorecer o surgimento de uma situação semelhante à narrada no filme. E observem bem como "nosso" deputado termina seu discurso projetando um futuro onde essa ideologia se firmará a tal ponto que toda uma nação estará em uníssono com um governante que assumidamente partilha de tal pensamento. É pra sentir medo ou o que? Enfim, tirem suas conclusões, mas algo não está me cheirando bem no reino dos porcos...
Abraços
Thiago
Trailer do filme "A onda"
E o vídeo do nosso ilustríssimo deputado
P.s: resolvi colocar um link para os interessados em saber, mesmo que resumidamente, um pouco mais sobre a obra da Filósofa Hannah Arendt.
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