quarta-feira, 5 de junho de 2013

Uma poesia como martelo...

Uma centelha...

Thiago Oliveira





Há poucas horas, ele havia visto a centelha. Imaginando que nada mais fosse que uma fagulha solitária,

 resfolegou e meneou-se em direção do costume. Nada que um belo gole de candura pudesse confirmar. 

Mas a candura ausentou-se, e o menear queixou-se. E da queixa veio a querela. Não como as outras e 

passadas, mas como a de sempre, como a nova, como a que irrompe e rompe o compasso, não como as 

outras, mas como agora. Como é chistoso o tempo, como é singular a ampulheta. Seu consumir não respeita 

um horário. O tempo não deve satisfação a ninguém, nem mesmo ao espaço. E dessa forma, o marchante 

contado atropelou o rogado, que ao se ver em si, já vislumbrava a centelha, em contornos de chamas 

fulgurais. Como é fatídica a sina daquele que se consome! Nada lhe resta a não ser sentir o dessabor de si 

mesmo, nada lhe a resta a não ser aceitar as horas. E com o tempo, a centelha se espalha. De fagulha à 

chama, basta quem clama! E assim a sina se fez. Com o fogo consumindo cada centímetro de sua alma, 

olhou para dentro, e não viu aquela antiga companheira calma, a razão. Perdeu-a, e com ela foi-se a última 

gota capaz de aplacar a chama, que de centelha, só tinha um traço... 





Um comentário:

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