Uma centelha...
Thiago Oliveira
Há poucas horas, ele havia visto a centelha. Imaginando que nada mais fosse que uma fagulha solitária,
resfolegou e meneou-se em direção do costume. Nada que um belo gole de candura pudesse confirmar.
Mas a candura ausentou-se, e o menear queixou-se. E da queixa veio a querela. Não como as outras e
passadas, mas como a de sempre, como a nova, como a que irrompe e rompe o compasso, não como as
outras, mas como agora. Como é chistoso o tempo, como é singular a ampulheta. Seu consumir não respeita
um horário. O tempo não deve satisfação a ninguém, nem mesmo ao espaço. E dessa forma, o marchante
contado atropelou o rogado, que ao se ver em si, já vislumbrava a centelha, em contornos de chamas
fulgurais. Como é fatídica a sina daquele que se consome! Nada lhe resta a não ser sentir o dessabor de si
mesmo, nada lhe a resta a não ser aceitar as horas. E com o tempo, a centelha se espalha. De fagulha à
chama, basta quem clama! E assim a sina se fez. Com o fogo consumindo cada centímetro de sua alma,
olhou para dentro, e não viu aquela antiga companheira calma, a razão. Perdeu-a, e com ela foi-se a última
gota capaz de aplacar a chama, que de centelha, só tinha um traço...
Linda poesia e bem profunda !! Eduarda
ResponderExcluir